31 maio, 2006

Ela caminhava. Nem apressada nem. Calma. Sem destino, sem horário, sem nada na cabeça. Aliás, minto. Pensava. Pensava sobre o que poderia estar pensando. E pensava no fato de não ter o que pensar. De não ter pra onde ir. De não ter que ter pressa. De não. Sempre não. Se perguntava porque andava daquele jeito. E mudava o jeito de andar só para provar pra si mesma que tinha esse poder. Mas o jeito de andar, por mais que ela tivesse esse poder, de nada adiantava. Porque afinal, não se tinha destino. E ela podia andar. Devagar, rapidamente, correndo trotando rastejando engatinhando que nada mudaria. Porque não havia destino. Nem hora pra chegar. E pensava e pensava e pensava. E se perguntava pra onde ir? e não se respondia, porque não havia lugar pra onde ir. Não havia lugar que a suportasse, que a coubesse, que a entendesse, você me entende? Não, claro que não, você não me entende. Aliás, nem ela se entende.

Procurou uma amiga. Ou alguém que pudesse assim ser chamada. Esperava poder falar. Falar que ela não tinha pra onde ir, que ela não pertencia a lugar algum, que lugar algum pertencia a ela. Encontrou a amiga. E aí se puseram a falar. Muitos assuntos. Ela queria dizer que domingo era aquele dia chato, onde ela começava a pensar na vida, se culpando pelo passado, preocupada com o futuro, nunca vivendo o presente, mas o que é o presente afinal meu deus? Que ela acordou naquele domingo, não tinha ninguém em casa, ela não tinha nada pra fazer, nada nada, e aquilo foi corroendo, corroendo. Como disse, muitos assuntos. Mas nada do que ela quisesse dizer. Na verdade ela precisava dizer que estava ali porque queria dizer mas não sabia o que dizer. Mas como dizer? Não tinha como. E então, enquanto soltava frases como vamos sair hoje à noite? ou sim, hahaha, eu vi, mentalmente ela se sentia só. Era um supermercado, que as olhava dizia que eram felizes em qualquer lugar. Porque estavam felizes em um supermercado. Mas ela se via, via aos outros, e pensava. Pensava como ela não pertencia, não cabia, não encaixava ali. Como. Como? Assim. Ela simplesmente não achava seu lugar. Nunca achara, mas só agora se dera conta disso. E pensava. E se sentia cada vez mais só, e cada vez mais sem lugar, como se a alegria estendesse a mão pra não me alcançar igualzinho àquela música dos Los Hermanos, pensava ela. Como se o destino andasse um quilômetro enquanto ela dava um passo. Era isso. O destino era sempre distante, desconhecido, sempre sempre sempre. Nunca sabido, nunca nunca. E ela foi embora. Quem a via caminhando - agora o caminho de volta - não a achava assim. Digo assim porque eu mesmo não sei definí-la. Não sei se alegre, se triste, se deprimida, se suicida, se. Apenas assim. Incabida.

Mas sempre, sempre com aquele sorriso amarelo de está tudo bem, vamos sair, vamos viver, vamos. E ia. Apenas ia.

28 maio, 2006

Porque...

Porque. [De por + que.] Conj. designa causa; em razão de que; pelo motivo de; porquanto: "Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa." (Cecília Meireles, Obra Poética, p. 4.) [Cf. por que, por quê e porquê.]

Porque eu prefiro sonhar e tentar realizar esse sonho a enterrar os pés nessa realidade crua que me cerca.
Porque estou recomeçando o blog, agora com perspectivas tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais.
Porque em tão pouco tempo sinto que amadureci e que ainda continuo tão tola.
Porque a vida é assim.
E porque um sonho a mais não faz mal...

17 maio, 2006

Cotidianas

O tédio me adentra pelos poros, transformando a insatisfação em stress sem motivo. A saudade das amigas - daquelas de verdade, do dia-a-dia da faculdade - bate forte, e a enrolação pra marcar um encontro que realmente aconteça contribui para o nervosismo. A saudade das amigas que estão perto mas que eu não deixo adentrar meu mundo também me incomoda. Queria não ser tão fechada, tão na minha, tão assim.

Apesar de a prancha estar de volta, consertada, meus cachinhos continuam firmes e fortes. Porque eu gosto, porque só a passo quando é uma ocasião especialésima - de extrema alegria ou extrema baixa auto-estima. As unhas estão sem o devido cuidado, o que demonstra um período de quietude, de semi-deprê, introspecção, escuridão ou algo assim.

A academia vai bem, obrigada, completando 3 semanas por agora. Transpirando muito e emagrecendo pouco, se conseguir manter durante 3 meses, será tempo recorde.

Tenho aprendido que uma noitada com 'amigos-da-noite' - vulgos 'companhia pra balada' - pode ser muito boa mas não supre a necessidade do ombro amigo no dia seguinte, seja pra desabafar, seja pra contar algum acontecimento sem sentido, seja só pra recostar e manter o silêncio que explica toda a situação.

Tenho torcido pra que as aulas voltem logo, pra que eu entre logo na correria e na rotina do dia-a-dia da faculdade, pra que eu possa fugir então de todos esses pensamentos que ameaçam me assombrar. E torcido também pra que nesse semestre eu realmente cumpra a promessa de estudar mais e de tomar a decisão de largar ou continuar de vez com o curso.

Tenho gostado de um semi-conhecido (ou será um semi-desconhecido?) platonicamente e devido à timidez, à falta de coragem, e a outros fatores, ainda não dei o primeiro passo.

Tenho me escondido um pouco - orkut, msn, essas coisas. Não sei do quê, não sei por quê. Apenas sinto essa necessidade.

A vontade é de ter uma vida só minha. Sozinha. Um apartamento só meu, uma geladeira só minha, uma televisão e um controle só meus, só meu, só meu. E só. Só a minha responsabilidade, só a minha solidão, só a minha presença, só a minha ausência. Só os meus pensamentos, só as minhas dúvidas, só o meu computador, só, tudo só. Só apenas. Pode ser por um mês. Uma semana. Um dia, que seja. Mas eu sei que não se pode viver só.

A fazer:

- doar sangue
- assistir 'A era do gelo II', 'V de Vingança', 'A máquina'(quando estrear aqui no interiorzão)
- locar 'O jardineiro fiel' e assistir uma, duas, três e mais vezes
- ser mais paciente
- ser mais compreensiva
- não ser reprovada no meu segundo teste de direção
- não ser tão impulsiva
- não tomar nenhuma decisão idiota quando tiver bebido
- desplatonizar (me declarando ou esquecendo de vez)
- matar a saudade das amigas