26 janeiro, 2006

Camaleoa

Veste e desveste, vira e desvira, maqueia, limpa tudo e se maqueia de novo. Não que viva de aparências, mas sempre se adaptando às situações.

Ambiente formal? Uma lady, digna de tapete vermelho e tudo mais.
Ambiente informal, com amigos por perto? Palhaça, espalhafatosa, engraçada, feliz.
Sozinha? Indecisa, por ter tantas faces e por baixo da máscara não conseguir encontrar nenhuma.
No fundo, no fundo? Ainda mais indecisa, louca para saber como é ser ela mesma. Dramática, exagerada, pessimista, com variações de humor e de idéias tão instantâneas quanto um relâmpago. Maleável demais (pra não se dizer 'maria-vai-com-as-outras).

Maleabilidade é o ponto forte - talvez até forte demais. É duro tirar a máscara e não ver reflexo no espelho, ser questionada e ficar em dúvida. Pior ainda é querer agradar a todos, sabendo que acabará não agradando a ninguém, muito menos a si mesma.

Não percebeu em que parte do caminho tropeçou, e deixou cair ali a criança que levava consigo. E só agora notou que, por mais que o espírito da criança continue - brincadeiras, risadas quando não pode, ternura, bondade, etecétara e talz - já não é mais criança - não se sabe por qual porta, entrou no mundo dos adultos - e é de cunho obrigatório que aja como tal.

Tem que haver um reflexo por baixo da máscara. Tem que haver metas. Tem que haver decisão.

Continuará se adaptando, mudando, tresloucando, 'camaleoando'. Mas vai encontrar o reflexo, ah vai. Nem que tenha que olhar o não-reflexo no espelho, colocar mão adentro e tirar de lá uma base novinha em folha. Aí então, as máscaras lhe cairão melhor.


E por falar em metas:

- Arranjar um trabalho right now (nem que seja de faxineira)
- Largar meu curso e começar outro
- Decidir até o meio do ano qual outro curso começar
- Aprender outra língua (moi? yo? ich?)
- Fazer aula de direção
- Passar no teste de direção
- Ler, ler, ler
- Voltar para a academia
- Ter mais fé
- Aprender a perder

[A lista continua, mas é longa. Talvez outro dia o resto apareça por aqui. Já cumprir, são outros quinhentos...]

24 janeiro, 2006

E por falar em vontade...

" ツClá diz: (de certa forma acho que isso é uma forma de 'auto-mutilação'... essa sensação de gostar e não ser correspondida, por mais que sofrível, é dolorosamente saborosa) "

[Engraçado como as idéias e palavras simplesmente fluem em determinadas ocasiões]

23 janeiro, 2006

Revival

Serena. Nem alegre, nem triste. Pensativa. Com vontade de exagerar como sempre. Porém estou calada. Pensa, pensa, pensa... às vezes gostaria de poder descansar de mim mesma. Apertar um pause nos pensamentos tresloucados, imaginar apenas uma tela branca. Mas sempre que tento isso, logo já me vejo com um pincel em mãos e milhares de cores.


"Sonhará uns amores quase impossíveis? Digo-lhe que faz mal, que é melhor contentar-se com
a realidade...se ela não é brilhante como nos sonhos,
tem pelo menos a vantagem de existir."
(Machado de Assis)
[vide post de 06/12/2005 do meu antigo, falecido e agora enterrado blog]


Es muss was wunderbares sein von dir geliebt zu verden

Algo aqui quer mudar. Quer lutar, quer crescer, quer sair. Quer ter uma razão, um motivo, uma essência, um porquê. Um passatempo - trabalho, lazer, estudo, anything - e entrar de corpo e alma, pra que não haja tempo, um milésimo de segundo sequer, pra pensar no ontem, no hoje e no amanhã.

Ação, ação, ação! Como em algum filme onde todas as cenas são inesperadas, inusitadas, e mesmo assim revigorantes. Falta alguma coisa. Desejo, vontade, paixão. Razão, falta uma razão.

A simples idéia de que isso ainda vai demorar a acontecer me deixa mais ansiosa, mais angustiada, mais introspectiva, mais menos. Essa constante inconstância me devora por dentro, e traz à tona algo que não sou eu - ou talvez até seja sim, o meu eu mais obscuro, mais depressivo, mais cheia de nhem-nhem-nhem. E eu odeio estar cheia de nhem-nhem-nhem.

Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa.
Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas.
A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro...
(Clarice Lispector)

20 janeiro, 2006

vê-i-êne-tê-é

20 verões
20 outonos
20 invernos
20 primaveras

Somando tudo, 1/5 de século. A bengala, por favor!

"Ei, você! Não tem como não..."


"You only live twice or so it seems,
one life for yourself and one for your dreams"
[Coldplay - You only live twice]

[Motor 2.0 turbo, 16 válvulas, 180 cavalos, total flex, com todas as peças originais de fábrica]

17 janeiro, 2006

Ménina bónita - TIM BA 73

Teve de tudo. A viagem de ida já prometia: padre, mágica, risada, santinha. Pedacinhos de estrada nos buracos. Mas foi divertido.

No som da segunda viagem, que veio logo no dia seguinte, teve Jimmy Hendrix, Iggy Pop, Ultraje a Rigor, Bob Marley, White Stripes, e papapa. Muita risada. E expectativa. Ah, quanta expectativa.

Queimei. Torrei. Tostei. Nadei. Teve sorriso, risada, choro, stress, mais risada, bebida, mais risada. Teve família buscapé, teve biba, teve música. Teve rede, sol, mar, céu, lua, estrela, areia.

Teve a casa dos sonhos, ai, perfeição [se um dia eu quiser fugir de casa, já sei pra onde ir. É lá.].

Teve erro de português. Teve coreto. Teve sistema bruto, pra não dizer lento. Teve sotaque. Teve invenção. Teve porongo.

Teve vontade, teve desejo. Teve tombo, teve hematoma, teve dor de cabeça, teve gripe, teve chuva. Teve caminhada, teve picolé, teve presente, teve passado e teve medo do futuro. Teve saudade, ah, saudade.

Teve tatuagem, teve marquinha de sol, teve voz rouca, teve desejo. Teve lembrancinhas, teve muita gargalhada. Teve muita bebida e teve muita mulher tonta.

Teve paulista, mineiro, capixaba, baiano, sulista, nordestino. Teve gringo, teve show, teve festa. Teve quebra-mola, teve pulo. Teve folha, teve árvore.

Teve vergonha. Teve mais vontade. Teve insatisfação, satisfação. E a saudade de novo.

E teve a volta. E teve o medo de voltar à rotina. E teve comida. E teve o susto ao voltar. E teve bem bom. Teve tudo.

Agora tem futuro. Incerto, mas tem. Tem tempo pra pensar, pra agir. Pra tentar e pra sentir. Tem, tem sim.