03 março, 2008

Nós

Sinto-me desnorteada. Carrego comigo um mal-estar que fica logo ali, entre o dedão do pé e o último fio de cabelo da cabeça. Não sei como agir, o que pensar, o que fazer. A vontade é de hibernar, até que tudo passe, acabe, não volte. Gostaria de poder passar um dia inteiro na cama, revivendo, repensando em tudo. Tudo que vivemos, tudo que poderíamos viver e não acontecerá. Todos os planos desfeitos *puf* no ar. Pensar em cada momento doce, em cada momento ruim. Pensar em cada aperto no peito que me acompanhou nesses ultimos meses, e que estava, aos poucos, me matando. Adoraria poder ficar deitada remoendo, relembrando, amargando cada pedaço de fel que eu tive de mastigar durante esse tempo todo que ficamos juntos. Mas também poder sentir cada pedaço doce que construímos. O positivo e o negativo, colocados juntos. Não na intenção contábil de tentar calcular se foi bom ou ruim. Mesmo que negativo, eu diria que foi bom. Foi. Não há mais como ser. Adoraria poder me pregar à cama - sem correntes, nem cola, apenas a lembrança de nós dois - e não sair de lá até que eu tivesse chorado a última gota, degustado o último pedaço doce, e amargado o último sofrimento. Queria ser otimista: sofrer o máximo por você durante um dia inteiro, para que amanhã não me sobrasse mais nada pra sentir.

Sinto, há tempos, que me entreguei demais, que me doei demais. E pergunto-me o que poderia ter acontecido se não tivesse sido assim. São tantos "se's", que começo a pensar que não posso parar pra pensar. Porque me conheço, sou teimosa. E essa minha teimosia, que parece charme, no fundo é a mais cruel armadilha na qual eu poderia me lançar. E que no final de tudo, transforma-se na minha inocente ignorância de não ter sabido a hora certa de parar.

Uma vez você pediu que te escrevesse um email falando de nós, mas sem falar de amor. Sinto muito se não consegui corresponder às suas expectativas, mas nunca consegui separar o 'nós' do amor. Talvez essa também tenha sido uma falha minha - dentre tantas outras. Desculpe-me por todas elas. Quanto às suas, eu desculpo também. Não quero ter raiva de você. Até porque, a raiva seria por algo acontecido enquanto eu te amei. E se ela existir, é porque ainda existe amor. Portanto, quero ficar no zero à zero. Nem amor, nem ódio. De você, quero sentir a lembrança de um momento bom. Nada mais.

Não garanto que você nunca mais verá o meu número no seu telefone. Não digo que você nunca mais ouvirá minha voz chorando, dizendo que está sendo difícil. Te falo inclusive que eu aguentaria mais um tempo pra ver se conseguiríamos melhorar ou não. Mas te garanto que farei o máximo pra que nada disso aconteça. Porque eu estou cansada... Cansei de ter que te convencer que daremos certo. Cansei de ter que correr atrás do nosso amor, enquanto você aceita minhas súplicas pra não se arrepender de não ter tentado. Hoje estou desistindo realmente de nós. Não será fácil, eu sei. Meu corpo e minha mente me mostram isso todos os dias.

Preciso começar a escrever o que devo e não devo fazer. Ao lado de 'passar creme todos os dias', vou colocar 'não ligar pra ele'. Perto de 'comer mais verdura', escreverei 'não pensar em como poderia ter sido, nem em quê ele está fazendo agora'. 'Não imaginar se ele está pensando em mim'.

Imaginar como será comprar uma roupa sem pensar se você gosta ou não. Um perfume novo, um sapato. Como será isso com outra pessoa que não você. Como será estar no carro sem a mão no seu colo. Como será não poder te cobrir. Como será não pensar em você quando parar em frente à uma loja de lingerie. Não será você que me verá chorando pedindo desculpas por ter errado. Me diz como será quando eu rir de uma piada que não é sua. Como me sentir à vontade pra rir ou chorar vendo desenho, sem medo de me sentir ridícula? Como será gravar um vídeo hilário só por causa de uma trilha sonora de cowboy? Imaginar que talvez a torrada com requeijão não terá mais a mesma graça, ou que uma caixa de bombons pode não ter mais o mesmo sabor. Pensar que não sairei mais do seu banheiro pra passar creme no meu corpo com os cabelos molhados, ou que não é pra você que vou prender a franja e parecer menininha. Como fazer pra esquecer isso tudo? Espero que você também ache a resposta, porque é assim que vai ser.

Te amo e não quero te esquecer. Mas é preciso.

07 fevereiro, 2008

Valeu à pena

Não desistir de você - e de nós - valeu à pena. Espero que dure. E perdure.

18 novembro, 2006

Dia-a-dia de Medusa

Tenho me sentido culpada. Vez ou outra, quando dou por mim, já devorei o-coração-puro-de-algum-bom-menino-que-só-queria-me-dar-amor. É como estar do outro lado do espelho, ver o outro lado da moeda, provar daquele veneno com o qual tantas vezes fui entorpecida. Ainda assim não consigo - nem entendo como conseguem – sentir-me bem. Nem feliz, nem satisfeita, nem indiferente. Pelo contrário, sofro daquele peso na consciência como ‘porque-é-que-não-consigo-deus-do-céu-gostar-de-alguém-que-só-me-quer-bem-?’. Resta então apenas aquela contínua sensação de ter o dom de quebrar o que se toca, por mais que o tocado seja um diamante.

A chuva já passou por aqui
Eu mesma fiz questão de secar
(...)
Quem foi que te ensinou a rezar
(...)
Meu coração já se cansou de falsidade

O ego - mesmo sem ter começado a tão especulada academia - vai bem, obrigada. Quando ameaça baixar a um nível consideravelmente perigoso, basta apelar à maquiagem, salto alto, rebolado e olhar 43. Mas o engraçado – ou nem tão engraçado assim – é que não é suficiente. Nem nunca foi.

Estrela, estrela, como ser assim
Brilhar, brilhar, quase sem querer
Deixar, deixar ser o que se é

O trabalho cansa, mas dignifica. Ok, nem tanto, mas pelo menos paga a faculdade e a van no final do mês, com direito ainda a um [humilde] bônus para ser gasto sem necessidade de satisfação a terceiros. O tempo é escasso, os dias parecem ter apenas 12 horas, e as noites dormidas lembram os cochilos tirados depois do almoço. Quase não tenho visto minha família - é estranho sentir falta de alguém que mora com você

Não quero lhe falar meu grande amor
Das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi
Tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei que qualquer canto
É menor do que a vida de qualquer pessoa
Por isso cuidado meu bem,
Há perigo na esquina
(...)
Você me pergunta pela minha paixão
Digo que estou encantada como uma nova invenção

As músicas já não têm mais sido escutadas com tanta freqüência. E quando o são, surgem aquelas suaves lembranças, acompanhadas por uma leve melancolia. Nada que mate ou sufoque. Apenas incomoda.

Vou pra beira do mar esperar o sol....
O sol... o sol...


A vida social anda jogada às traças. Talvez por isso tantos pensamentos, vagos, indecisos e cambaleantes, trombem entre si, formando esse emaranhado de dúvidas-e-sentimentos-e-não seis-e-por-aí-vai.

Acho que preciso de um porre. Urgentemente.

Amigas

Tenho sentido falta de vocês.

Cada qual com a sua peculiaridade, com seu jeito de ser. Sua marca registrada, irritante ou hilária. Se pudesse voltar no tempo, voltaria, apenas pra fazer tudo igual. E reviver cada momento - perfeito ou não.

Saudade pode ter definição no aurélio, mas é sempre indefinível. E imensurável.

02 novembro, 2006

Lazy Line Painter Jane

Quanto a mim, sigo errando. Fazendo o que não devo, enganando quem não merece, fingindo que acreditam nas minhas mentiras, e varrendo os cacos da confiança para debaixo do tapete.

Fugindo - sem saber do quê.

E "enquanto isso", os dias seguem, ensolarados. "Enquanto o quê?" você diria, e eu apenas continuaria a caminhar, sem olhar para trás.

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In the mud, on your knees
Trying hard not to please
Anyone, all the time
Being a rebel's fine
But you go all the way to being brutal

07 setembro, 2006

Sobre traição

O capricorniano se dá muito valor e dificilmente se entrega por inteiro. Por isso, se o(a) parceiro(a) o(a) traísse, não teria dúvidas em tirá-la de sua vida. Mas a força aparente é no fundo, um escudo para esconder sua extrema fragilidade em lidar com esse tipo de situação. Magoado(a), disfarça o sentimento fingindo total indiferença.
[algumas coisas batem tanto...]

04 setembro, 2006

Yellow Kite

"Quanto a ti, já reparaste como o mundo parece feito de pontas e arestas? Já chamei tua atenção para a escassez de contornos mansos nas coisas? Tudo é duro e fere. Observo, observas como ele se move sem choques por entre as pontas. Te parece elegante, assim sinuoso, evitando toques que possam machuca-lo? Pois a mim parece falso, conheço bem suas tramas e sei de todas as vezes que concedeu para que o de fora não o magoasse." (Caio)


Claro, se encaixa tão bem. Sempre. Entre os espaços que foram deixados, entre os vãos do caminho.

Uma droga. Tudo isso. Adoraria conseguir ser menos intensa. Ser menos fina. Não acreditar que encontrei no conhecido de ontem o meu último e único e primeiro amor da última semana. Ter coragem de dizer e gritar e berrar tudo o que fica na garganta. Não ser tão sensível. Conseguir demonstrar meus verdadeiros sentimentos - alegria, raiva, paixão - independente do lugar, da situação, da pessoa. Mas não. Eu ainda aposto na saída à francesa, na classe, no esnobe. Aposto em agir com frieza com quem me feriu, e com isso apenas giro a faca com a qual fui apunhalada. Estrago maior.

E sim, eu sou dramática. E sim, eu sou ingênua. E tanto drama e ingenuidade juntos não poderiam resultar em uma coisa lá muito positiva.

"Não, não sei o que gostaria que você me dissesse. Dorme, quem sabe, ou está tudo bem, ou mesmo esquece, esquece. Não consigo. (...) Dentro de mim, não consigo deixar de pensar que há alguma espécie de sentido. E um depois." (Caio, mais uma vez)

E sim, eu sei. Em pouco tempo isso passa, cura, cicatriza. E eu me abro mais uma vez, e me solto, e vôo. Bem alto, até a próxima queda. Um círculo vicioso.

"I want you to know
You don't need anyone, anything at all
Who's to say where the wind will take you
Who's to say what it is will break you
I don't know which way the wind will blow
Who's to know when the time has come around
Don't wanna see you cry"

Alta, pairando, leve. Insustentável. E amarela.
(Drama drama, ui)

Entre 1, 2 e 3

PERDA (retirado do blog de uma amiga do Gb's, há tempos atrás)

Fase 1 - Negação: Nada disso está acontecendo. É um sonho.
Fase 2 - Raiva: Como teve o mundo CORAGEM de fazer isso comigo? FILHO DA PUTA!
Fase 3 - Depressão: Sim, aconteceu. E rasga por dentro.
Fase 4 - Ressurreição: Rasga mais cura. O negócio é um cicatrizante (resgate da própria vida)
Fase 5 - Ressurgimento e vida: (dispensa comentários)




Eu queria não ser assim, tão dramática, não ser tão intensa, não ser tão. Maldito ascendente escorpião. (Excuse-me, mas eu tenho que culpar algo pra me sentir menos culpada)

13 agosto, 2006

Asas

Tenho levado freqüentes sustos ao olhar no espelho. Não que o que eu veja não seja eu. Pelo contrário, o reflexo é cada vez mais parecido comigo. Tudo o que tenho tentado esconder por trás das máscaras. De sorrisos amarelos, de conversas simpáticas e falsamente interessadas. E justamente por isso. Tenho medo, porque não sei se. É crescer, é isso? É? Não sei. Sei que tenho medo. De mim, medo de mim. Posso lidar com qualquer pessoa mas não sei lidar comigo, e o fato de não sabê-lo me faz desaprender a lidar com os outros, e nisso vou desaprendendo a conviver e aprendendo a ficar só. Não, não consigo mais. A máscara tornou-se demasiadamente pesada. Ao menos por agora não me restam muitas forças, muitas expectativas. Tenho medo de que o que eu sinto seja realmente medo.

Preciso de um sonho. E rápido.

"Quero outra vez um par de asas. Mesmo que de papelão." (Caio F.)

07 agosto, 2006

Sentimentalidades (ou banalidades)

Esperança. Ainda que pueril, ainda que incertamente ilusória, ainda que. Se desfaça, se quebre, se perca. Já valeu. À pena. O risco. Sim, valeu.

Foi um domingo tão claro, tão doce, tão sutil e suave, tão leve leve leve... e justamente por isso conseguiu marcar tanto. Carrego comigo hoje a leveza, a doce leveza, tão insustentável e tão vertiginosa, e ao mesmo tempo tão indutiva e tentadora, que ao mesmo tempo por mim parecia inalcançável.

"Há um excesso de cores e de formas pelo mundo. E tudo vibra" (Caio F. Abreu)

Sim, vibra. E corre. E voa, e paira no ar. E as arestas estão aos poucos sendo aparadas. As coisas se enchem mais de contornos mansos, ao invés de quinas cortantes e sombrias.

É. É bom saber que posso sentir de novo.

30 julho, 2006

Post murphiano após ida à locadora

Estava fechada.

É sempre um prazer te encontrar, Murphy.

Tédio?

Domingo, sete e meia da noite. Passei o final de semana IN-TEI-RO dentro de casa. Vou sair agora. Não, nada de balada. Vou locar um filme. Que eu não sei qual é.

Tenho fugido. De algo. Alguém. Não sei bem o quê. Nem sei pra onde corro. Ou ando ou rastejo ou.

Precisa-se de paciência. Uns 95kg aproximadamente. Compro a qualquer preço, no atacado ou no varejo. Quem se interessar, \o/.

(vontade de me afogar em Los Hermanos, Coldplay, Belle, The Subways, Lifehouse e afins)

26 julho, 2006

Procura-se...

(desesperadamente)


... um emprego, em qualquer área, que não exija mais conhecimentos do que eu já tenha, com carga horária pequena, onde me paguem acima de R$1000,00 por mês e que não acabe com minha moral.

Interessados devem enviar urgentemente um email para moi. Desde já, mui grata,


a humilde autora.

19 julho, 2006

No piloto automático...

... ou deixando a vida me levar...



Sem saco. Pra nada. E pra tudo. (Não que eu tenha saco, mas enfim... você me entende, né?)

04 julho, 2006

Antes tarde...

Tive hoje a prova maior. Percebi então que. É isso. Fátuo fato: nem sempre - quase nunca, diria eu - as pessoas reagem da mesma forma a um determinado acontecimento. E só hoje pude presenciar, ter a certeza física, material - como São Tomé (e olhe que eu não sou lá muito religiosa) - ter então a certeza que, por mais que a pessoa não aja da forma que se espera, isso não quer dizer que ela deixa de sentir o que deve sentir. E que isso não faz dela uma pessoa má, desinteressada ou afins. Que um sorriso pode esconder dentro de si suas tristezas. Que as pessoas às vezes fogem - e que a fuga, por mais covarde que pareça ser, às vezes é necessária.