15 junho, 2006

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Casulo. É isso. Estou na fase do casulo. Não que eu seja uma lagarta. Mas preciso de transformações. Metamorfoses. Muitas. Ou nem tantas. Mas que sejam suficientes.

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Os dias de sol ainda trazem o frio. O vento, a sombra, gelam. E ainda vai ser assim por alguns bons meses. Digo bons porque gosto assim, desse tempo, frio, seco. Ainda que as flores não fiquem tão belas, ainda que se sinta o trincar da pele. Ainda que a solidão - aquela que se sente mesmo com uma ou um milhão de pessoas à sua volta - se mostre maior, mais forte, mais presente e mais sufocante do que é. Ainda assim. Gosto.

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Raiva. Estou com raiva. De mim mesma e. É impressionante como algumas pessoas podem ser tão egoístas. Olhar tanto para seu próprio umbigo, achando que o mundo se restringe a elas e às suas vontades. Impressionante. Mais impressionante é como eu ainda tento conviver com elas. Não, não sou nenhuma Madre Teresa, isso é fato. Mas ando bem cansada de tentar acreditar nas pessoas. De tentar confiar. De dar uma segunda, terceira, milésima chance. E o mais engraçado é que entre essas várias pessoas, uma delas sou eu. Sim, eu. Me, ich, moi, yo, io. Estou cansada também de mim, das minhas ações, dos meus arrependimentos, da minha inquietude e ao mesmo tempo estagnação. Cansada de. De depositar o que tenho - e o que não tenho - nas pessoas. E esse saldo negativo eu tiro de mim. Vou arrancando pedacinhos. Que aparentemente não fazem falta, mas percebo que. E que talvez agora já seja tarde, sabe? Sim, eu sei que cicatrizam. Mas ficam as marcas, não é mesmo? Sempre ficam. E elas têm ficado cada vez mais, cada vez maiores. Aí a gente vai ficando com vergonha de se mostrar, sabe? Vergonha, medo de não-aceitação, tudo por causa das marcas. E aí a gente vai construindo um mundinho menor, mais nosso, aparentemente auto-suficiente. Mas viver nele, inconscientemente vai fazendo mais marcas. E aí esse círculo vicioso não acaba. Nunca acaba. Mas passa.