05 junho, 2006

If I could...

Nunca gostei de hospitais. Sempre tão brancos, tão não-vida, tão não. Não que eu não goste de branco, muito pelo contrário, adoro. Mas mesmo que o hospital fosse verde e amarelo, mesmo que fosse cor-de-rosa com verde e azul, mesmo que lá houvessem palhaços pra quem gosta de palhaços, humoristas pra quem gosta de humoristas, bossa pra quem gosta de bossa, rock pra quem gosta de rock, e assim por diante, continuaria sendo tão. Tão não-bom, tão não-saúde, tão não-poder, tão não-saber. Tão.
Mas a saga continua. Agora provavelmente quinze dias. Mais quinze dias. Que trazem à tona toda a fragilidade. Toda a minha incapacidade. Toda a minha não-força que de alguma-forma-da-qual-eu-não-sei, se mostra forte. Quinze dias que acabam. Deterioram. Que sugam. Não, não são os dias que sugam. É o hospital. É ele. Mas na verdade não é apenas o hospital que suga. É a doença, ela. Mas na verdade não é só a doença, é o acidente. É tudo. É tudo. Que não deixa nada nada nada. Que acaba com tudo. Que nos amarra, nos imobiliza, mas nos deixa ali, assistindo a tudo. Como a um filme. Daqueles em que se chora o tempo todo.

"You know that I would now
If only I could"
(If I could - Jack Johnson)