23 janeiro, 2006

Revival

Serena. Nem alegre, nem triste. Pensativa. Com vontade de exagerar como sempre. Porém estou calada. Pensa, pensa, pensa... às vezes gostaria de poder descansar de mim mesma. Apertar um pause nos pensamentos tresloucados, imaginar apenas uma tela branca. Mas sempre que tento isso, logo já me vejo com um pincel em mãos e milhares de cores.


"Sonhará uns amores quase impossíveis? Digo-lhe que faz mal, que é melhor contentar-se com
a realidade...se ela não é brilhante como nos sonhos,
tem pelo menos a vantagem de existir."
(Machado de Assis)
[vide post de 06/12/2005 do meu antigo, falecido e agora enterrado blog]


Es muss was wunderbares sein von dir geliebt zu verden

Algo aqui quer mudar. Quer lutar, quer crescer, quer sair. Quer ter uma razão, um motivo, uma essência, um porquê. Um passatempo - trabalho, lazer, estudo, anything - e entrar de corpo e alma, pra que não haja tempo, um milésimo de segundo sequer, pra pensar no ontem, no hoje e no amanhã.

Ação, ação, ação! Como em algum filme onde todas as cenas são inesperadas, inusitadas, e mesmo assim revigorantes. Falta alguma coisa. Desejo, vontade, paixão. Razão, falta uma razão.

A simples idéia de que isso ainda vai demorar a acontecer me deixa mais ansiosa, mais angustiada, mais introspectiva, mais menos. Essa constante inconstância me devora por dentro, e traz à tona algo que não sou eu - ou talvez até seja sim, o meu eu mais obscuro, mais depressivo, mais cheia de nhem-nhem-nhem. E eu odeio estar cheia de nhem-nhem-nhem.

Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa.
Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas.
A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro...
(Clarice Lispector)